[WWW] Nascha "Coruja das Noites" - Chapter 1 - Facing Darkness

A luz do amanhecer pareceu fazer com que o medo do jovem coração de Nascha se recolhesse para mais tarde voltar, a jovem respira fundo enquanto sentia a vida a sua volta acordar, a noite havia passado e com ela o primeiro perigo que Nascha havia enfrentado.

A criança que até a noite passada ainda vivia agora deveria crescer e se tornar forte como o deserto a sua volta, a jovem sorri enquanto uma lagrima escorria por seu rosto, esta encarou a raposa por alguns instantes antes de se levantar e enxugar suas lagrimas olhando para o norte.

- Os parentes de minha mãe estão me esperando, não seria correto deixar-los esperando por mim...

O calor aumentava exponencialmente. Em breve um quente dia de verão estaria sobre a cabeça da jovem. Iria ser um grande dia aquele. Todavia este parecia promissor. Algo no ar lhe dizia que os espíritos que a salvaram na noite passada ainda estavam com ela. Iriam acompanhá-lo por toda a imensidão do grande vermelho de poeira. O seu destino a esperava em algum lugar onde os espíritos ainda reinavam. Seu caminho era longo, mas bastava apenas erguer a cabeça e continuar. Nada estaria perdido enquanto Nascha ainda tivesse esperança.

A raposa se aproximou bem perto. Parecia que entendia tudo que a moça índia dizia com suas palavras vagas e cansadas de uma jovem perdida. Esta a encarou por um longo período e depois sem mais delongas se virou e começou a andar. Andava em direção ao noroeste, o caminho que o vento a guiava. A fresca brisa rara do deserto. A raposa se virou para ver se a garou a estava seguindo. E parou esperando, antes de voltar a andar.

Nascha segue a pequena raposa, a jovem conseguia sentir a presença dos espíritos que haviam lhe ajudado, agora a ânsia de andar a fizeram seguir a pequena raposa, um sorriso sincero se formou nos lábios da jovem quando esta sentiu a leve brisa soprar pela extensão do deserto de areia vermelha, o mesmo vermelhos de seus pelos quando esta ouvira o chamado daquela noite.

O caração de Nascha se abriu para o caminho que teria que seguir, esta não se importava se a distancia era longa ou não porque simplesmente sabia que a recompensa daquela jornada curaria suas feridas abertas pelas armas de fogo do homem branco.

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As horas seguinte foram quentes. Muitos quentes. O calor do deserto realmente matava muito. Não era algo sábio caminhar naquelas terras sem o equipamento necessário. O homem branco evitava bastante aquele lugar. Talvez fosse por isso que ainda não o consumiram totalmente com suas trevas. Era uma visão muito vasta. O horizonte ficava longe e quase nada podia se ver até lá. Era uma grande imensidão de nada. Apenas a morte ali vivia. Só que quando se conhece um caminho nada se é um problema. A jovem andava com facilidade seguindo a raposa. Essa parecia nunca cansar e seguia infinitamente pelo caminho. Para Nascha era um caminho cruel. A sede consumia seu corpo junto com a fome. Só que apenas essa era sua aflição. Os buracos, as pedras, as areias fofas, as cobras em tocaias. Nenhuma daquelas mortes acabaria com a vida da garou. Parecia simples andar por aqueles caminhos, mesmo com a sede e a fome tomando sua visão e força.

Depois de horas algo mudou em sua visão. Era um tipo de fumaça subindo no horizonte. A jovem não conhecia as linguagens de sinais das tribos do norte bem o suficiente para entender o que via. Aquela fumaça era apenas um grande mistério para ela. E era para lá que a Raposa seguia. Logo do outro lado de um grande desfiladeiro de uma grande montanha rochosa vermelha.

Nascha seguia a pequena raposa sem se importar com o calor, apesar da sede e da fome seguir o pequeno animal que a sua frente parecia ser intocável por qualquer uma dessas privações era reconfortante.

A fumaça no horizonte fez com que seu semblante se fechasse um pouco, para a jovem o mistério daquela fumaça poderia significar muitas e entre elas o mesmo fim de sua tribo, Nascha balança a cabeça afastando aqueles pensamentos ruins se a pequena raposa tinha coragem para continuar naquela direção porque a jovem garou não teria..

As montanhas estavam logo a frente. A subida estava sendo bastante cansativa. Era um inferno subir um morro naquele calor. A brisa era meio quente e fazia a jovem soar toda. Junto do vento vinha uma poeira que a deixava manchada de vermelho, o vermelho do deserto. Era realmente terrível seguir aquele caminho que os espíritos traçaram para ela. O cheiro de fumaça se tornava cada vez mais forte a medida que ganhavam caminho pela morro acima. Os grandes despenhadeiros estavam próximos. Podia até sentir a essência do deserto escondida em seus cumes pontiagudos e mortais. Logo o topo da colina se revelou aos seus pés. Foi um alivio parar de subir. Agora podia ver. O que via abriu seus olhos. Seus tremores de ver mais pessoas queimadas se tornou realidade. Mas o alvo não era aquele que temia. Quem estava em chamas era os colonos. Todo o comboio da noite passada era apenas cinzas, Cinzas sendo levadas pelo vento e se misturando com a poeira vermelha do deserto. A raposa olhava para Nascha.

Nascha vira o rosto na tentativa de esconder o horror que a cena lhe inspirava, a garganta seca da jovem coça enquanto formava um grito abafado, esta pode sentir todo seu corpo tremer com a visão de morte e cinzas a sua frente, não que o destino daqueles homens não fosse justo afinal eles eram os invasores sem respeito pelos espíritos de seus ancestrais, mas a guerra e o massacre também atingiam o invasor com a mesma força que atingia seu povo.

A jovem respira fundo controlando-se, seu olhar se encontrou com o da raposa enquanto esta dizia baixo:

- Eles procuraram esse destino, apenas encontraram oque procuravam.

Nascha esperava pelos passos da raposa, seu corpo reclamava por um descanso mas não queria que fosse ali no meio daquele pequeno campo de morte e chamas..

Os corvos olhava de cima dos rochedos. O canto deles era de morte profunda. A medida que a raposa ia se aproximando a jovem a seguia lentamente. Olhava cada vez mais assustada para o recinto. Tinha ali alguns corpos carbonizados, mas não eram muitos. A maioria tinha sumido. Era terrível olhar para aqueles mortos. Parecia como se tivesse revivendo o massacre de sua tribo. A grande verdade que aquela cena queria lhe mostrar para o fundo de sua alma era que a morte era igual para todos. Quando morre todos são iguais. Não há diferenças sobre esses aspecto. Os esqueletos de carroças e as cinzas era tudo que restava daquele povo. Podia haver um grupo de bastardos cruéis ali, mas todos eram sonhadores que buscavam uma vida melhor. Essa vida jamais chegou. Era um sonho perdido. Mas o que roubou esse sonho era um mistério, a resposta devia estar em algum lugar no meio daquelas cinzas. Como a raposa parou de andar parecia que esta quisesse que a jovem procurasse por si só.

Nascha segue a pequena raposa, até esta parar no meio daquele campo de cinzas e morte, a jovem olha sem entender para o pequeno animal, esta estremeceu ao imaginar os gritos de horror que aqueles homens haviam soltado antes de morrer.

A jovem encara a pequena raposa enquanto dizia:

- Não é mais fácil me mostrar oque você quer que eu ache?

Mas antes mesmo que o pequeno animal se move-se Nascha começa a procurar algum lugar que o fogo não houve-se consumido por completo, afinal a jovem não queria desrespeitar a escolhas dos espíritos do deserto ou ate mesmo a sabedoria da pequena raposa.

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O venário era de pura destruição. Dava para ver os corpos claramente carbonizados. Era uma cena de pura dor e desolação. Podia-se ver que havia sido deixados mantimentos no lugar. Muitos não estavam queimados, ou apenas parcialmente. Dava para se alimentar. Os vagões pareciam carregar muitas caixas vazias, como se algo tivesse sido roubado do comboio. Fora um ataque surpresa, já que aquela garganta nas montanhas não era um lugar seguro para acampar. Lobos haviam em toda a volta. Podia-se sentir. Outra coisa que também se podia sentir no ar era uma terrível aura negra. Era forte e clara. Saiu dali tinha pouco tempo e se encaminhou para o norte. Toda a trilha daquela essência maligna podia ser sentida. Era a mesma que Nascha percebeu na noite passada. Mas dessa vez parecia que ela não estava sozinha. Estava junto de mais alguns elementos corrompidos. Não dava para saber o que exatamente eram, mas sabia para onde iam. Seu espirito lhe avisava claramente. O vento soprava para o norte, levando a poeira e as cinzas. A mensagem tinha sido dada. A raposa tinha sumido.

Nascha sentiu o odor maligno fez com o medo cresce rapidamente dentro do caroçao da jovem, a fome e o cançaso da noite em branco começavam a pesar sobre seus ombros, esta procura a pequena raposa com os olhos, mas nao se dessespera ao ver que o pequeno animal nao estava mais ali.

Um sorriso se fez no labios de Nascha ao perceber que era sua obrigaçao proteger os parentes de sua mae daquele ser maligno que agora rumava para as terras do norte, as mesmas terras que seus ancentrais protegiam, a jovem anda até os mantimentos pegando o maximo que poderia carregar para continuar sua viajem, esta come rapidamente sabendo que aquele lugar logo seria tomado por lobos e outras feras.

Toda sua força deveria ser usada para chegar ate seus parentes, e isso fazia com que apesar do cançaso e medo Nascha se movimenta-se.

A jovem prossegui seu caminho pelo longo deserto. Era quente, mas o vento a ajudava. Era uma quente brisa marcada por cinzas e poeiras. Mas era ventos bons, ventos de espíritos antigos. Por mais feridos que estivesse sempre estariam ali para ajudar a todos que merecessem essa ajuda. A jovem já não estava sofrendo a fadiga do deserto como antes. Carregava em suas costas uma saca com pães e queijos junto com uma grande jarra d'água.

O dia virava tarde. O sol caia forte. As aves cruzavam radiantemente o céu. A noite em breve chegaria. Mas a jornada da jovem não parava. Ainda prosseguia a trilha que lhe havia sido dada. Era cada vez mais difícil acompanhar aquele rastro. Mas ainda dava para sentir. Os rastros agora iam para o alto. Os rochedos estavam cada vez mais escaposos e o caminho ia cada vez mais alto, pelos altos penhascos. Poderia ser perigoso fazer esse trecho de noite. Ainda mais considerando que como o cheiro estava mais forte significava que estava se aproximando do alvo. Logo no horizonte havia umas luzes. Uma pequena cidadezinha, podia mais ser uma corrutela. Abrigo para a noite naquele lugar poderia ser seguro.

O jovem coração de Nascha fica em duvidas entre ficar no deserto o lugar que até poucos dias lhe parecia ser o mais seguro do seu pequeno mundo ou ir até a pequena cidade e tentar achar um lugar onde pude-se dormir em paz por algumas horas, a duvida que corroía aos poucos sua pequena coragem.

" Do mesmo modo que eu posso sentir esse cheiro, sera que ele pode me sentir?"

A jovem se levanta afastando-se um pouco da trilha que o cheiro marcava, talvez com o medo de sua presença também estar sendo sentida a deixa em alerta, e com um pouco de sorte a garou conseguiria encontrar um lugar escondido para passar a noite e acender uma pequena fogueira, porem a jovem sabia que esta ideia falha-se a cidade talvez fosse o lugar mais seguro para se passar a noite e descansar.

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Não foi fácil achar combustível para fazer uma fogueira em seu improvisado acampamento. Precisou pegar um pouco de grama morta embaixo de algumas pedras. O fogo era baixo e não conseguia iluminar ao longe. era apenas o suficiente para aquecer um pouco a jovem a dando conforto para a noite. O vento frio passava perto das pedras que Nascha arranjou para se proteger. Ela estava quase no meio da crista. Para baixo na direção esquerda se tinha o deserto de onde ela veio. Para a direito, onde era a direção norte, ficava o vale com o pequeno vilarejo. Descendo a crista para trás da jovem prosseguia a imensidão do deserto. Para frente a crista subia para os altos penhascos que faziam sombra na pequena vila. Era um lugar privilegiado o qual a jovem estava. As luzes das estrelas iluminava os cumes negros escarpados. O vilarejo também era visto com muita clareza. Seria um bom descanso no acampamento. A garou tinha conseguido pegar ao redor das pedras alguns cogumelos e três larvas de cacto que pareciam que ficariam deliciosas junto do pão e do queijo que ela trouxe dos destroços. Tinha também pano e corda suficiente para fazer um bom abrigo entre as rochas e poder dormir sem vento. Agora era hora da refeição. Depois apenas dormir e esperar pelo amanhecer para prosseguir o caminho que os espíritos à guiavam. O caminho podia ser difícil. Mas agora o que importava era o mento. A paz com os espíritos do deserto. Era um momento que merecia ser lembrado, para um dia ser o motivo de continuar lutando.

O pequeno abrigo trazia tamanho conforto a Nascha que esta não se importou por não ter conseguido material o suficiente para fazer um fogo alto, ali naquela imensidão feita de deserto, céu estrelado, pedras e areia seu espirito parecia se recuperar dos últimos dias, o medo que antes sentia agora parecia distante muito embora ainda presente em seu coração, mas aos poucos era vencido pelo dever que tinha tomado para si mesma.

A jovem mastiga demoradamente a comida, os cogumelos e larvas foram a primeira coisa que Nascha comeu, já que não poderia desperdiçar nem mesmo sequer as pequenas migalhas do pão e queijo guardando-os para a viajem que ainda haveria de ser concluída, a água também deveria ser consumida com moderação.

Toda aquela privação aos poucos começava a transformar o espirito frágil da jovem garou para alguma coisa mais forte e resistente, Nascha se encolheu perto da pequena fogueira para manter-se aquecida enquanto o cansaço a dominava...

" Homens brancos não conseguem ver a vida que se escondem por entre a areia e pedras do deserto."

Os vermes crostados no fogo baixo ficaram surpreendentemente deliciosos. Parecia que em uma grande chance de coincidência Nascha tinha os preparado da maneira ideal. Deveria se lembrar daqueles vermes brancos gordos com pontinhas cinzas e o fogo baixo para ser preparados em outra ocasião. Os coguemelos estavam meio sem gosto, talvez com algum tipo de tempero ficariam muito suculentos em uma próxima tentativa. E assim a janta terminou para a jovem poder descansar pela noite. Seria uma noite agradável de sono depois de um longo dia de viajem. Seus olhos estavam pesados e a vontade de dormir era enorme. Seria um bom descanso se não fosse pelo terrível cheiro que chegou em suas narinas. Algo muito podre estava perto. Não estava se aproximando, mas estava perto. Não custou muito tempo para ver aqueles vultos negros descendo os montes escarpados e indo lentamente para o vilarejo logo abaixo do vale. Estariam lá em menos de uma hora.

O cansaço dominava aos poucos o corpo de Nascha, mas o cheiro podre a faz despertar revoltando seu estomago, esta se levanta estudando os movimentos daqueles vultos negros se movimentarem. O medo a faz se abaixar encolhendo-se no pequeno acampamento como se a qualquer momento estes a pudessem ver, a jovem respirava fundo tentando controlar-se enquanto tentava colocar seus pensamentos em ordem.

Nascha sabia que deveria fazer alguma coisa, se não a pequena vila seria destruída assim como a caravana havia sido.

" Eles não sabem que eu estou aqui, talvez eu possa atacar sem ser percebida.."

Ainda havia a indecisão de ajudar o homem branco a se proteger daquele mal que avançava contra suas casas, mas para a jovem talvez fosse a melhor oportunidade de acabar com todo aquele mal sem que este se aproxima-se mais das terras de seus parentes.

" Se eu pelo menos tive-se alguma coisa para me ajudar.."

Correndo pela colina a jovem estava decidida. As trevas não podiam se proliferar mais ainda. Os espíritos lhe deixavam isso claro. Descendo a crista a grama se mostrava cada vez maior. O vale que a vila ficava era mais próspero e sofria menos do ar seco do deserto. era realmente um lugar ideal para se viver. Agora o mato estava cada vez mais alto. Já estava na altura da cintura quando Nascha chegou na altura do centro do vale. Deveria ser um lugar florido na primavera, mas no inverno nada disso havia. Só que depois daquelas forças negras ali passarem poderia ser que nunca mais brotariam flores naquele vale. Parecia que as criaturas estavam agora a apenas meia milha de distância para cima do vale. O vilarejo estava logo para baixo, em menos de duas milhas. As luzes acesas indicavam que as pessoas ali ainda poderiam estar acordadas. O cheiro ia ficando cada vez mais forte e algo deveria ser feito antes tarde do que nunca. Era perigoso estar ali naquele momento. Era difícil deduzir a força e quantidade do inimigo. Não parava de ventar na direção do meio do vale, onde havia um rio. As sombras estavam perto, o perigo da noite era certo.

Nascha corre o mais rápido que podia afim de alcançar as criaturas, as luzes na pequena cidade lhe mostravam que talvez pude-se receber ajuda se fizesse alguma coisa para chamar a atenção das pessoas sobre o perigo que estas corriam.

O medo de talvez ser confundida com a causa do perigo era presente, mas a possibilidade de cessar o avanço daquele mal sobre a terra de seu povo a impulsionava a apenas agir para que isso fosse logo concluído..